Ao chegar em Capistrano no final da década de 1960, tendo
passado por uma experiência no Haiti, e na região metropolitana do Recife,
Padre Bernardo BOURRASSA, enfrenta uma grande seca em 1970. Percebe, ao ver o
sofrimento das pessoas com a falta d’água, que algo deveria ser feito e dedica
toda a sua temporada à frente da paróquia de Capistrano, à construir
reservatórios de água.
A primeira medida neste sentido, foi mandar colocar calhas
em toda a igreja matriz, colocando três tambores de cada lado da igreja, para
receber água. Ali captava água e as pessoas podiam pegar. Eu mesmo colocava
água para casa e para algumas pessoas, destes tambores, utilizando um jumento e
quatro canecas de madeira, como era comum naquele tempo.
O ano de 1970, como disse, foi uma grande seca. Íamos pegar água em dois reservatórios: o Açude da
Vila, de propriedade do Sr. Lima, para uso geral e para beber, no açude dos Cassacos, no Sans Souci, este
construído pelo DNOCS em 1958. Fui um “botador dágua” com o meu jumento. Trazia água para a nossa casa, ade D.
Terezinha Lima Freitas e para a de Antônio Soares Saraiva. Ajudei a pagar o
pedreiro da que construía a nossa casa, com recursos provenientes desta
atividade. Éramos muitos em Capistrano, lembro bem do Augusto, e do avô do
Oliveira, de quem não e lembro o nome. Mas eram vários. A maioria colocando água pra sua própria casa e outros
como eu, para outras casas além da nossa.
Vendo este problema tanto na sede como na zona rural, Pe.
Bernardo elaborou silenciosamente um grande projeto e passou a executá-lo com
toda a sua energia. Nunca em tempo algum, alguém teve esta ideia em Capistrano
e a desenvolveu com tanto zelo e competência. Construiu uma cisterna na antiga
casa paroquial, depois outra, ao lado
esquerdo da igreja, depois uma nos fundos, também uma dentro da casa e uma
grande, ao lado do prédio que construiu para o serviço pastoral. Construiu
também três caixas d’água.
Na sua simplicidade, morava em cima de uma das cisternas que
construiu nos fundos da casa paroquial, onde hoje funciona a pastoral da criança, outra de suas
obras sociais.
O resultado de tudo isso é que a população de Capistrano
continua utilizando a águas das cisternas construídas por padre Bernardo,
nestes anos em que as chuvas foram poucas e os reservatórios acumularam pouca
água. O trabalho de padre Bernardo deve ser exemplo para todos nós que devemos
guardar, cuidar e preservar água, sobretudo no semi-árido nordestino. A água é
um bem natural cuja a escassez é uma realidade no mundo inteiro. A região
Sudeste está passando por uma grande
crise hídrica com as sucessivas secas e o Nordeste convive com este fenômeno há
anos. Mesmo assim não nos educamos em relação ao uso racional da água.
Que a homenagem que estamos fazendo ao Pe Bernardo hoje em
Capistrano, trazendo seus resto s mortais para a igreja matriz, seja um
reconhecimento de seu trabalho social e espiritual à frente de nossa paróquia,
mas que seja também, um momento de reflexão sobre o uso adequado da água por
cada um de nós, cidadãos comuns, e também os que fazem o poder público, seja a
nível estadual ou municipal. Assim estaremos homenageando padre Bernardo e demonstrando
que aprendemos com seus ensinamentos e com seu testemunho de vida, parte dela
dedicada à preservação da água em nosso município.
Prof. Francisco Artur Pinheiro Alves
Presidente do Partido Verde de Capistrano
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