quarta-feira, 29 de maio de 2013

Os Dons de Capistrano. Por Natanael de Oliveira dos Santos*


O presente artigo tem como intuito comentar mais que sucintamente algumas peculiaridades deste grande personagem da história cearense e brasileira, estando este no panteão dos maiores historiadores do Brasil.
Capistrano de Abreu ficou conhecido pelo seu vasto conhecimento com relação às fontes e à literatura históricas, sua capacidade crítica e a perspicácia psicológica de que era dotado, o que lhe permitia discursar ou escrever com original sabedoria sobre qualquer assunto da história do Brasil. Seu conhecimento era fruto de sua sede por tê-lo, por buscá-lo, sendo que este não livrava nem suas férias de sua labuta em pesquisar, se é que ele encarava como labuta!
Este também é conhecido pelos seus feitos desconcertantes, até mesmo para os examinadores doutores em sua banca, visto que estes ficaram inebriados pela sua sabedoria , reconhecendo (mesmo que interiormente, pois seria pouco provável que estes o fizessem em público) a superioridade espantosa do seu conhecimento se comparado às suas informações limitadas e vagas sobre o assunto então debatido. Porém, enquanto banca na época, eles tiveram de encarar o difícil fardo de debater contra um mestre, que encarava o seu ofício com prazer e dominava-o como ninguém. Entre outros feitos, Capistrano demonstra ser um homem impetuoso, teimoso (no bom sentido da palavra), perseverante em seus desafios; prova disso seria a sua tese escrita em quarenta dias improrrogavelmente e outra escrita em apenas uma noite!
Segundo José Honório Rodrigues na introdução do livro do aqui personagem principal:
Revela-se Capistrano neste estudo crítico da historiografia de sua época o único homem capaz de, num rasgo, compreender toda a síntese de nossa história, com suas diferenças e ligações, semelhanças e rupturas. Era também uma revelação nova: possuíamos agora um historiador que aliava sua análise documental a uma visão de síntese, sua cultura à capacidade de adivinhação.²

Capistrano de Abreu foi ainda o responsável pela junção dos vários estudos e ensaios ainda não reunidos da historiografia brasileira, revigorando-a, contribuindo para o preenchimento das várias lacunas irrespondíveis da época.
__________________________
*Graduando em História, licenciatura plena pela Universidade Estadual do Ceará - disciplina LABORATÓRIO DE HISTÓRIA - Prof. Dr. FRANCISCO ARTUR PINHEIRO ALVES

1. Capistrano de Abreu, João, 1853-1927. Capítulos de história colonial: 1500-1800 & Os caminhos antigos e o povoamento do Brasil. Brasília, Editora Universidade de Brasília, 1982.

CAPISTRANO DO SÍTIO COLUMIJUBA. Por ÍCARO SOUZA*

Ser um cearense com uma produção intelectual rica e um trabalho de pesquisa histórica abrangente, interdisciplinar, calcado num rigor metódico e numa crítica ferrenha às fontes e às produções contemporâneas, adquirindo referência em seu tempo e permanecendo em debate na posteridade, foi tarefa cumprida prazerosamente por Capistrano de Abreu – apesar de o mesmo, quando em vida, não preocupar-se com elogios ou quaisquer distinções. Oriundo do Sítio Columinjuba, localizado na - à sua época ainda freguesia – cidade de Maranguape, foi após mudar-se para o Rio de Janeiro nos anos setenta dos oitocentos que o cearense ganha destaque no cenário nacional.
As exaustivas leituras e o rigoroso processo de levantamentos documentais resultaram em estudos históricos enriquecidos por elementos geográficos, etnológicos e linguísticos, destacando-se as várias linhas dedicadas ao período colonial. Suas pesquisas são densas, sensíveis, olham para um Brasil à época ignorado por uma historiografia tradicionalista, voltada para as virtudes portuguesas e para o propalado litoral do pau-brasil e da cana-de-açúcar. O interior, os sertões, as terras povoadas pelos indígenas, os caminhos do boi, as minorias étnicas, os hábitos do homem comum, vão sendo desvendados a partir de seus escritos que, como retorno, o promovem com títulos e qualificações os quais ele nem sempre abraça.
“Sua obra pode ser inserida ao lado de outras produzidas em meio a um movimento de redescoberta do Brasil iniciado ainda no século XIX e que se prolongou até, pelo menos, os anos 1950, despertando o interesse pelo interior do país, com suas vastas regiões e populações desconhecidas.” (Rebeca Gontijo, Fundação Biblioteca Nacional, 2010).

Atualmente Capistrano me presta auxílio por meio de sua bibliografia em um trabalho de pesquisa desenvolvido para uma exposição acerca do processo de ocupação dos sertões nordestinos pelo colonizador através das migrações estimuladas pela pecuária. Em “Caminhos Antigos e Povoamento do Brasil”, Capistrano destrincha este momento, assim como outros episódios dos períodos iniciais do povoamento português no Brasil: traça as rotas das levas de gado, mapeia os rios, as serras, as tribos indígenas, versa sobre o conflito com estas tribos, etc. Hoje, esta obra referencia muitas outras produções historiográficas concernentes a este momento da colonização. 

*Aluno do Curso de História da UECE - disciplina AÇÃO EDUCATIVA PATRIMONIAL - Prof. Dr. Francisco Artur Pinheiro Alves.

Capistrano de Abreu, o homem que soube achar o seu caminho. Por Eveline Magalhães dos Santos*



Nascido em 1853, nas terras de Maranguape, na então província do Ceará, esse homem soube achar o seu caminho. Através de muito estudo e uma quantidade visivelmente elevada de erudição e dedicação pela História (principalmente pela história do Brasil) soube se fazer no mundo da Historiografia Brasileira e ser contemplado até os dias de hoje como um dos maiores historiadores brasileiros de todos os tempos.
Mesmo sem diploma de universitário, Capistrano de Abreu, como os demais jovens letrados de sua época, resolve ir até à corte, através do lema, que ele mesmo chegou a dizer- “vir, ver e vencer”- assim ele chega ao Rio de Janeiro, em 1875, e aos poucos conquista o seu espaço. Em 1883 surge a oportunidade de participar de um concurso de História e Corografia[1] do Brasil no Imperial Colégio Pedro II. A partir daí ele prepara uma de suas maiores obras primas, a tese Descobrimento do Brasil e seu Desenvolvimento no século XVI.
Podemos perceber a importância da sociologia para Capistrano através de sua frequente leitura dos trabalhos de sociólogos como Taine, Comte, Buckle e Spencer e de seus comentários sobre o trabalho de Varnhagen.
Depois de muitos anos de estudo, pesquisa e da publicação de excelentes trabalhos na área de História do Brasil, Capistrano sofre um triste golpe da vida, a morte de sua esposa em 1º de Janeiro de 1892, representa a primeira crise na vida do historiador. Algum tempo mais tarde ele sofre mais uma vez, com a morte do filho Fernando, apelidado de Abril, e a entrada de sua filha Honorina para o convento. Um destino que, com certeza, Capistrano não esperava para sua filha.
Tais acontecimentos o deixam profundamente abalado por muito tempo, mas em 1900, depois de toda a tempestade emocional por que passou e que atingiu consideravelmente sua criação, ele começa a organizar uma coleção de documentos sobre a história do Brasil.
Ao observar a história de Capistrano, logo percebemos que ele, de fato, não foi um historiador comum. Sua erudição e seu domínio da história, aos 27 anos de idade já impressionava muitos intelectuais da época. Percebemos que tal erudição não foi adquirida por acaso, mas por muito esforço, estudo e dedicação pela História. Sendo assim, acredito que foi por causa disso que ele até hoje é considerado um dos melhores historiadores brasileiros, pois contribuiu de forma apaixonante para a nossa história. Ele soube achar seu caminho, pois sabia o que queria, e tinha amor pelo o que fazia. Mas que um excelente historiador, Capistrano foi um exemplo de dedicação à História, podemos dizer que ele “veio, viu e venceu”.

BIBLIOGRAFIA:
·        ABREU, Capistrano. Capítulos de História colonial: 1500-1800 e Os Caminhos antigos e o povoamento do Brasil. Brasilia, Editora Universidade de Brasilia, 1982.
·        ARAÚJO, Ricardo Benzaquen de. Ronda Noturna- narrativa, crítica e verdade em Capistrano de Abreu. Revista Estudos Históricos, Rio de Janeiro, nº1, 1988,p. 28-54.
·        CONTIJO, Rebeca. Capistrano de Abreu, viajante. Revista Brasileira de História, vol.30, nº59, São Paulo.



[1] “estudo geográfico particular de uma região ou de um país” ou “compêndio que trata do estudo geográfico de uma região ou de um país”- Dicionário da Língua Portuguesa, Porto Editora, 2008.

* Aluna da discIplina AÇÃO EDUCATIVA PATRIMONIAL - Prof. Dr. francisco Artur Pinheiro Alves - Curso de História da UECE.

Capistrano de Abreu: Pássaro Liberto. Por Elinardo José barros de Azevedo. Aluno do curso de História da UECE *

Capistrano de Abreu:  Pássaro Liberto

No final do século XIX, os jovens letrados do interior do país viviam com seus talentos podados na província ou tentavam alçar voos mais elevados na então Capital do país, a cidade do Rio de Janeiro que concentrava toda a nata da intelectualidade, cultura e conhecimentos gerais de nosso país.  Mas pousar na Capital nacional não seria a garantia de vida fácil ou triunfo garantido, muito pelo contrário, a maioria dos jovens letrados que ali chegavam desaparecia no anonimato da Corte, que já estava inchada dos chamados "homens de letras".  É por isso que o próprio Capistrano chegou a dizer que o lema de todo provinciano ingênuo e novato que se aventurava na Corte seria: "Vir, Ver e Vencer".
Ele Veio ao Rio no dia 25 de abril de 1875, aos 22 anos, vindo do interior da província do Ceará, onde nascera a 23 de outubro de 1853. Chegou precavido e sabendo que ao invés de estar adentrando em um ambiente acolhedor, estaria na verdade em uma verdadeira arena de disputas onde só os mais fortes e sublimes Venceriam.
 Pouco antes de deixar sua terra natal, tivera breve contato com um famoso conterrâneo: o escritor José de Alencar, que sobre ele escreveu, em carta ao amigo Joaquim Serra sobre o talento e as qualificações do jovem Capistrano que muito iriam contribuir para o enriquecimento da cultura fluminense.
Alencar foi uma espécie de padrinho de Capistrano ao apoiar sua vinda para o Rio. Conheceram-se em 1874, quando o eminente escritor visitava sua terra natal. Graças a Alencar, Capistrano obteve a importante recomendação de Joaquim Serra ao poderoso Machado de Assis. E foi Provavelmente, essa recomendação que ajudou Capistrano a conseguir seu primeiro emprego no Rio, na prestigiosa Livraria Garnier, que, na época, foi chamada de "Sublime Porta", pois através dela era possível ascender ao sucesso no mundo das letras. Com humor, dizia-se que parar diante de sua porta era o mesmo que "posar para a posteridade". Outro observador notou que aquela livraria não era "um simples estabelecimento comercial, mas um clube, uma academia, uma corte de mecenato".  Seu trabalho era escrever notas publicitárias sobre os livros lançados pela Editora Garnier. No mesmo ano de 1875 estreou na imprensa carioca, publicando conferências que pronunciara no Ceará, no ano anterior. Capistrano, que fizera as primeiras letras na terra natal, não concluíra os estudos preparatórios para a Faculdade de Direito do Recife na década de 1870. Era um autodidata com alguma experiência como escritor, adquirida nos jornais de Fortaleza e nas conferências literárias da "Academia Francesa" do Ceará. A imprensa era, então, um polo atrativo para intelectuais de todos os cantos do país, e Capistrano não foi uma exceção. Ao lado da diplomacia e do ensino, o jornalismo completava o quadro das atividades intelectuais proeminentes.
 Por essa época também atuou como professor de francês e português no importante Colégio Aquino. Talvez tenha começado a ficar conhecido no meio intelectual a partir de uma polêmica travada com um dos mais importantes críticos literários de então, o sergipano Sílvio Romero. Em 1876, o jovem Abreu (como então gostava de ser chamado), de 24 anos, publicou artigos criticando um texto de Romero, intitulado O caráter nacional e as origens do povo brasileiro, de acordo com o qual o brasileiro seria distinto do português, não por causa da natureza ou da mistura com os indígenas, mas pela presença dos negros.  Utilizando a estratégia de citar autores estrangeiros como argumento de autoridade e de reproduzir as contradições do texto analisado, Capistrano se opôs à tese apresentada, afirmando a importância do meio na formação da nacionalidade brasileira e ressaltando o papel do elemento indígena.
O escritor participara da cúpula da vida política do Império, chegando a ocupar o cargo de ministro de Estado, no entanto, foi lançado ao ostracismo por D. Pedro II, após ter criticado o livro A Confederação dos Tamoios (1856), de Gonçalves de Magalhães - escritor que fazia parte do seleto grupo de protegidos do imperador -, a política do governo e as qualidades intelectuais do monarca.
Ressaltando o fato de Alencar ser seu conterrâneo, Capistrano o apresentou como "o primeiro e principal homem de letras brasileiro", "o fundador da literatura brasileira", chamando a atenção para um aspecto de sua obra: o interesse pelo povo, por suas tradições, usos e costumes. Afirmou que seu nome deveria figurar no panteão da história, ao lado de grandes autores estrangeiros, e destacou seu empenho em "criar para si a imortalidade no curto prazo de vinte anos", através de obras que as gerações futuras deveriam ler como ensinamentos.
Em 1879, passou a integrar o corpo de redatores da Gazeta de Notícias, especializando-se na crítica literária, e prestou concurso para a Biblioteca Pública da Corte, conquistando o primeiro lugar. Ao lado do Arquivo Público e do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), a Biblioteca era guardiã de um precioso acervo documental e reunia profissionais conceituados por seus estudos históricos, que Capistrano saberá explorar como ninguém trazendo a tona as mais ricas e reveladoras reflexões e descobertas sobre a história do Brasil.
Mesmo tendo encontrado um lugar de destaque na Biblioteca, Capistrano optou por alçar um novo voo: prestou concurso para o Imperial Colégio de Pedro II, em 1883. A cadeira disputada era a de maior prestígio: Corografia e História do Brasil. Defendeu a tese O descobrimento do Brasil e foi aprovado por 17 votos contra 5. No mesmo ano começou a lecionar. Com a extinção da cadeira de Corografia e História do Brasil em 1899, Capistrano foi posto em disponibilidade, alegando incapacidade para ministrar aulas de História Geral, por ser especialista em História do Brasil. Antes de morrer, já era considerado um grande erudito, espécie de "enciclopédia" viva da história pátria.
Capistrano destacava-se pela "segurança da investigação, abundância da informação, profundidade do saber e inteligência do assunto", qualidades que o distinguiriam de seus antecessores e contemporâneos. Seu livro Capítulos de história colonial é considerado por Veríssimo como "a síntese mais completa, mais engenhosa, mais perfeita e mais exata que poderíamos desejar da nossa evolução histórica". Síntese de aproximadamente trinta anos de estudos históricos sobre o Brasil. O autor também chama a atenção para o conhecimento da historiografia alemã por parte de Capistrano, valorizando sua utilização de métodos seguros de investigação histórica. Também aponta a presença de uma direção filosófica em sua produção, capaz de livrá-lo de ser "um simples erudito". Seu grande mérito teria sido a capacidade crítica, empregada na análise de documentos e na crítica dos estudos anteriores.
Após a sua morte no fim de década de 1920 muitos eram os comentários sobe o legado e a pessoa de Capistrano dentre muitos destaquei este: "Esse historiador 'sertanejo' seria uma espécie de mediador entre os mundos da civilização e da barbárie, por possuir aquilo que então se esperava de um historiador: erudição, cultura geral, informações originais, "habilidade de investigação minuciosa, aliada ao método de comparação, dedução e exposição" e, talvez o principal, o "sentimento da terra e da gente" brasileiras.
Coelho Neto, por exemplo, apresentou-o como "um estranho no meio e no tempo" por seu temperamento arredio, interpretado como uma "sobrevivência do 'bárbaro', latente no supercivilizado". Em sua opinião, Capistrano era um "selvagem, que o estudo tornou um dos expoentes máximos da nossa cultura", de modo que "o livro o purificou da barbárie fazendo-lhe o nome atingir a glória".
Como observou Assis Chateaubriand, o grande mérito de Capistrano teria sido compreender a brasilidade - propriedade distintiva do Brasil e do brasileiro - traduzindo-a por meio de seus estudos sobre as línguas e os costumes indígenas e, também, sobre a história colonial.
O próprio Capistrano definiu-se, certa vez, como um velho vaqueano, cujos conhecimentos práticos permitiam trilhar caminhos antigos, pouco ou nada explorados, no terreno da historiografia e da linguística indígena.
Para nós que somos cearenses ele é um orgulho, para os brasileiros ele foi um grande colaborador da escrita da História Nacional, para o imaginário de nosso país ele é um pássaro que conseguiu romper os grilhões que a vida lhe impôs, e conseguiu Vir, Ver e Vencer alçando voo sob as asas etéreas do conhecimento histórico e linguístico.


 Notas Bibliográficas
·         VAINFAS, Ronaldo. Capistrano de Abreu - Capítulos de história colonial. In: MOTA, Lourenço Dantas (Org.). Introdução ao Brasil: um banquete nos trópicos. 2.ed. São Paulo: Senac, 1999, p.187. Ver, também, ABREU, Capistrano de. Capítulos de história colonial, 1500-1800. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Edusp, 1988, p.256.
·         ABREU, Capistrano de. O caráter nacional e as origens do povo brasileiro, in 1976, 4ª série, p.3-24, originalmente publicados em O Globo, Rio de Janeiro, 21 jan. 1876 e 8 mar. 1876, respectivamente; e História pátria, in 1976, 4ª série, p.3-24, originalmente publicados na Gazeta de Notícias, 9, 10 e 13 mar. 1880.
·         Rev. Bras. Hist. vol.30 no.59 São Paulo June 2010
·         ABREU, O caráter nacional e as origens do povo brasileiro, 1976, p.3-24;
escrito � r i � � cúpula da vida política do Império, chegando a ocupar o cargo de ministro de Estado, no entanto, foi lançado ao ostracismo por D. Pedro II, após ter criticado o livro A Confederação dos Tamoios (1856), de Gonçalves de Magalhães - escritor que fazia parte do seleto grupo de protegidos do imperador -, a política do governo e as qualidades intelectuais do monarca.
Ressaltando o fato de Alencar ser seu conterrâneo, Capistrano o apresentou como "o primeiro e principal homem de letras brasileiro", "o fundador da literatura brasileira", chamando a atenção para um aspecto de sua obra: o interesse pelo povo, por suas tradições, usos e costumes. Afirmou que seu nome deveria figurar no panteão da história, ao lado de grandes autores estrangeiros, e destacou seu empenho em "criar para si a imortalidade no curto prazo de vinte anos", através de obras que as gerações futuras deveriam ler como ensinamentos.
Em 1879, passou a integrar o corpo de redatores da Gazeta de Notícias, especializando-se na crítica literária, e prestou concurso para a Biblioteca Pública da Corte, conquistando o primeiro lugar. Ao lado do Arquivo Público e do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), a Biblioteca era guardiã de um precioso acervo documental e reunia profissionais conceituados por seus estudos históricos, que Capistrano saberá explorar como ninguém trazendo a tona as mais ricas e reveladoras reflexões e descobertas sobre a história do Brasil.
Mesmo tendo encontrado um lugar de destaque na Biblioteca, Capistrano optou por alçar um novo voo: prestou concurso para o Imperial Colégio de Pedro II, em 1883. A cadeira disputada era a de maior prestígio: Corografia e História do Brasil. Defendeu a tese O descobrimento do Brasil e foi aprovado por 17 votos contra 5. No mesmo ano começou a lecionar. Com a extinção da cadeira de Corografia e História do Brasil em 1899, Capistrano foi posto em disponibilidade, alegando incapacidade para ministrar aulas de História Geral, por ser especialista em História do Brasil. Antes de morrer, já era considerado um grande erudito, espécie de "enciclopédia" viva da história pátria.
Capistrano destacava-se pela "segurança da investigação, abundância da informação, profundidade do saber e inteligência do assunto", qualidades que o distinguiriam de seus antecessores e contemporâneos. Seu livro Capítulos de história colonial é considerado por Veríssimo como "a síntese mais completa, mais engenhosa, mais perfeita e mais exata que poderíamos desejar da nossa evolução histórica". Síntese de aproximadamente trinta anos de estudos históricos sobre o Brasil. O autor também chama a atenção para o conhecimento da historiografia alemã por parte de Capistrano, valorizando sua utilização de métodos seguros de investigação histórica. Também aponta a presença de uma direção filosófica em sua produção, capaz de livrá-lo de ser "um simples erudito". Seu grande mérito teria sido a capacidade crítica, empregada na análise de documentos e na crítica dos estudos anteriores.
Após a sua morte no fim de década de 1920 muitos eram os comentários sobe o legado e a pessoa de Capistrano dentre muitos destaquei este: "Esse historiador 'sertanejo' seria uma espécie de mediador entre os mundos da civilização e da barbárie, por possuir aquilo que então se esperava de um historiador: erudição, cultura geral, informações originais, "habilidade de investigação minuciosa, aliada ao método de comparação, dedução e exposição" e, talvez o principal, o "sentimento da terra e da gente" brasileiras.
Coelho Neto, por exemplo, apresentou-o como "um estranho no meio e no tempo" por seu temperamento arredio, interpretado como uma "sobrevivência do 'bárbaro', latente no supercivilizado". Em sua opinião, Capistrano era um "selvagem, que o estudo tornou um dos expoentes máximos da nossa cultura", de modo que "o livro o purificou da barbárie fazendo-lhe o nome atingir a glória".
Como observou Assis Chateaubriand, o grande mérito de Capistrano teria sido compreender a brasilidade - propriedade distintiva do Brasil e do brasileiro - traduzindo-a por meio de seus estudos sobre as línguas e os costumes indígenas e, também, sobre a história colonial.
O próprio Capistrano definiu-se, certa vez, como um velho vaqueano, cujos conhecimentos práticos permitiam trilhar caminhos antigos, pouco ou nada explorados, no terreno da historiografia e da linguística indígena.
Para nós que somos cearenses ele é um orgulho, para os brasileiros ele foi um grande colaborador da escrita da História Nacional, para o imaginário de nosso país ele é um pássaro que conseguiu romper os grilhões que a vida lhe impôs, e conseguiu Vir, Ver e Vencer alçando voo sob as asas etéreas do conhecimento histórico e linguístico.

 Notas Bibliográficas
·         VAINFAS, Ronaldo. Capistrano de Abreu - Capítulos de história colonial. In: MOTA, Lourenço Dantas (Org.). Introdução ao Brasil: um banquete nos trópicos. 2.ed. São Paulo: Senac, 1999, p.187. Ver, também, ABREU, Capistrano de. Capítulos de história colonial, 1500-1800. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Edusp, 1988, p.256.
·         ABREU, Capistrano de. O caráter nacional e as origens do povo brasileiro, in 1976, 4ª série, p.3-24, originalmente publicados em O Globo, Rio de Janeiro, 21 jan. 1876 e 8 mar. 1876, respectivamente; e História pátria, in 1976, 4ª série, p.3-24, originalmente publicados na Gazeta de Notícias, 9, 10 e 13 mar. 1880.
·         Rev. Bras. Hist. vol.30 no.59 São Paulo June 2010
·         ABREU, O caráter nacional e as origens do povo brasileiro, 1976, p.3-24;
escrito � r i � � cúpula da vida política do Império, chegando a ocupar o cargo de ministro de Estado, no entanto, foi lançado ao ostracismo por D. Pedro II, após ter criticado o livro A Confederação dos Tamoios (1856), de Gonçalves de Magalhães - escritor que fazia parte do seleto grupo de protegidos do imperador -, a política do governo e as qualidades intelectuais do monarca.
Ressaltando o fato de Alencar ser seu conterrâneo, Capistrano o apresentou como "o primeiro e principal homem de letras brasileiro", "o fundador da literatura brasileira", chamando a atenção para um aspecto de sua obra: o interesse pelo povo, por suas tradições, usos e costumes. Afirmou que seu nome deveria figurar no panteão da história, ao lado de grandes autores estrangeiros, e destacou seu empenho em "criar para si a imortalidade no curto prazo de vinte anos", através de obras que as gerações futuras deveriam ler como ensinamentos.
Em 1879, passou a integrar o corpo de redatores da Gazeta de Notícias, especializando-se na crítica literária, e prestou concurso para a Biblioteca Pública da Corte, conquistando o primeiro lugar. Ao lado do Arquivo Público e do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), a Biblioteca era guardiã de um precioso acervo documental e reunia profissionais conceituados por seus estudos históricos, que Capistrano saberá explorar como ninguém trazendo a tona as mais ricas e reveladoras reflexões e descobertas sobre a história do Brasil.
Mesmo tendo encontrado um lugar de destaque na Biblioteca, Capistrano optou por alçar um novo voo: prestou concurso para o Imperial Colégio de Pedro II, em 1883. A cadeira disputada era a de maior prestígio: Corografia e História do Brasil. Defendeu a tese O descobrimento do Brasil e foi aprovado por 17 votos contra 5. No mesmo ano começou a lecionar. Com a extinção da cadeira de Corografia e História do Brasil em 1899, Capistrano foi posto em disponibilidade, alegando incapacidade para ministrar aulas de História Geral, por ser especialista em História do Brasil. Antes de morrer, já era considerado um grande erudito, espécie de "enciclopédia" viva da história pátria.
Capistrano destacava-se pela "segurança da investigação, abundância da informação, profundidade do saber e inteligência do assunto", qualidades que o distinguiriam de seus antecessores e contemporâneos. Seu livro Capítulos de história colonial é considerado por Veríssimo como "a síntese mais completa, mais engenhosa, mais perfeita e mais exata que poderíamos desejar da nossa evolução histórica". Síntese de aproximadamente trinta anos de estudos históricos sobre o Brasil. O autor também chama a atenção para o conhecimento da historiografia alemã por parte de Capistrano, valorizando sua utilização de métodos seguros de investigação histórica. Também aponta a presença de uma direção filosófica em sua produção, capaz de livrá-lo de ser "um simples erudito". Seu grande mérito teria sido a capacidade crítica, empregada na análise de documentos e na crítica dos estudos anteriores.
Após a sua morte no fim de década de 1920 muitos eram os comentários sobe o legado e a pessoa de Capistrano dentre muitos destaquei este: "Esse historiador 'sertanejo' seria uma espécie de mediador entre os mundos da civilização e da barbárie, por possuir aquilo que então se esperava de um historiador: erudição, cultura geral, informações originais, "habilidade de investigação minuciosa, aliada ao método de comparação, dedução e exposição" e, talvez o principal, o "sentimento da terra e da gente" brasileiras.
Coelho Neto, por exemplo, apresentou-o como "um estranho no meio e no tempo" por seu temperamento arredio, interpretado como uma "sobrevivência do 'bárbaro', latente no supercivilizado". Em sua opinião, Capistrano era um "selvagem, que o estudo tornou um dos expoentes máximos da nossa cultura", de modo que "o livro o purificou da barbárie fazendo-lhe o nome atingir a glória".
Como observou Assis Chateaubriand, o grande mérito de Capistrano teria sido compreender a brasilidade - propriedade distintiva do Brasil e do brasileiro - traduzindo-a por meio de seus estudos sobre as línguas e os costumes indígenas e, também, sobre a história colonial.
O próprio Capistrano definiu-se, certa vez, como um velho vaqueano, cujos conhecimentos práticos permitiam trilhar caminhos antigos, pouco ou nada explorados, no terreno da historiografia e da linguística indígena.
Para nós que somos cearenses ele é um orgulho, para os brasileiros ele foi um grande colaborador da escrita da História Nacional, para o imaginário de nosso país ele é um pássaro que conseguiu romper os grilhões que a vida lhe impôs, e conseguiu Vir, Ver e Vencer alçando voo sob as asas etéreas do conhecimento histórico e linguístico.

 Notas Bibliográficas
·         VAINFAS, Ronaldo. Capistrano de Abreu - Capítulos de história colonial. In: MOTA, Lourenço Dantas (Org.). Introdução ao Brasil: um banquete nos trópicos. 2.ed. São Paulo: Senac, 1999, p.187. Ver, também, ABREU, Capistrano de. Capítulos de história colonial, 1500-1800. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Edusp, 1988, p.256.
·         ABREU, Capistrano de. O caráter nacional e as origens do povo brasileiro, in 1976, 4ª série, p.3-24, originalmente publicados em O Globo, Rio de Janeiro, 21 jan. 1876 e 8 mar. 1876, respectivamente; e História pátria, in 1976, 4ª série, p.3-24, originalmente publicados na Gazeta de Notícias, 9, 10 e 13 mar. 1880.
·         Rev. Bras. Hist. vol.30 no.59 São Paulo June 2010
·         ABREU, O caráter nacional e as origens do povo brasileiro, 1976, p.3-24;
 *Aluno da disciplina AÇÃO EDUCATIVA PATRIMONIAL, PROF. Dr. FRANCISCO ARTUR PINHEIRO ALVES

Para quê Capistranear - Por Neilania Silva Rodrigues - aluna do curso de História da UECE*




Resumo


No presente artigo vamos discorrer sobre a apresentação que José Honório Rodrigues faz de Capistrano de Abreu na introdução escrita em 1982 para a reedição de Capítulos de História Colonial. Também vamos discutir sobre a importância de se familiarizar com as obras do mesmo e quais as contribuições de Capistrano para a historiografia brasileira.

Palavras-chave: Capistrano, história cultural, historiografia

            Para qualquer estudante de História não conhecer as obras de Capistrano de Abreu se configuraria em algo imperdoável, principalmente depois que se lê a introdução que José Honório Rodrigues escreveu para a reedição do livro Capítulos de História Colonial, em 1982. Em poucas páginas Honório vai nos apresentar a um homem curioso, culto e versado nos mais diversos assuntos. Ele não poupa elogios a capacidade do historiador cearense, que adotou o Rio de Janeiro como casa e foi capaz de envolver outros grandes nomes de nossa historiografia em sua busca, muitas vezes pessoal, para compreender a formação do Brasil.
            Poderíamos até pensar que Honório estaria sendo um tanto afetado demais enquanto nos fala de Capistrano, no entanto, é inegável que este historiador nos deixou um legado importante, mas que hoje infelizmente, ficou relegado ao segundo plano de forma bastante injusta. Analisando alguns pontos da apresentação vemos que a afetação é justa e bastante oportuna. A introdução se ocupa um pouco da vida de Capistrano, começando com sua estadia na Biblioteca Nacional, passando por sua impressionante atuação no Colégio Pedro II e nos levando ao desenvolvimento dos diversos trabalhos e até aos métodos do historiador.
            Quando nos fala da metodologia de trabalho e forma como Capistrano perseguia um entendimento da construção do Brasil que ele vivia, ficamos sabendo entre outras coisas que o historiador não acreditava numa história de vencedores. O autor buscava conhecer a cultura do período que ele estava estudando, o cotidiano e as pequenas coisas do dia-a-dia, pareciam achados aos olhos dele.
            Em um outro texto, Por quê ler Capistrano de Abreu?, de Robério Américo Souza, vemos sintetizado um bom motivo para nos familiarizarmos com a obra desse historiador quando diz: “a leitura dos textos de Capistrano de Abreu é, acima de tudo, um excitante convite à reflexão de nossa conduta, tanto como historiadores, como na qualidade de filhos da legítima cultura mestiça brasileira”.[1] Apenas para nos darmos conta de que temos que pensar que tipo de historiador queremos ser e como devemos nos conduzir para isso.
            Capistrano era um erudito e seu conhecimento nas mais diversas áreas enriquecia a história que ele produzia. Ele era capaz de produzir textos com fluidez e de fácil compreensão, como em um escrito feito sob encomenda pela Companhia Metropolitana em 1897, empresa que se comprometera com o governo para trazer imigrantes para trabalhar no Brasil. O texto bastante sintético chamado Instruções para os Imigrantes traz informações preciosas sobre a formação histórica do Brasil e o nascimento e importância do Rio de Janeiro. Também é rico quando trata sobre a geografia da região, não apenas por nomear rios, mas por esclarecer a capacidade de navegação e importância dos mesmos. Também a agricultura e a pecuária são mostradas em rápidas, mas objetivas pinceladas. Em suas poucas laudas tomamos conhecimento sobre a fauna, a flora, as comidas das mais diversas regiões, sistema métrico e moeda.
            O curioso desse texto é esclarecer até sobre a melhor forma de derrubar árvores, o que mostra que Capistrano leu de tudo um pouco para compor este impressionante retrato didático do Brasil. É nesse momento que nos remetemos ao texto de Honório quando nos traz as palavras de um dos discípulos de Capistrano, Dr. José de Mendonça, que afirma que o mestre podia ministrar qualquer disciplina e que estava sempre disposto a aprender, se houvesse alguém disposto a lhe ensinar.
            A sede de saber do historiador parece não ter fim, ele produz avidamente por alguns anos e apenas as tragédias familiares parecem poder abatê-lo, ainda que temporariamente. Para nós historiadores, o mais importante é perceber que antes que se falasse em história cultural, em cotidiano, na importância dos costumes, dos hábitos e outras questões hoje tão preciosas aos historiadores de ponta, ele já analisava tais questões. Capistrano já lia sobre psicologia, pois ele já via o quando era imprescindível para a produção de uma história coerente o fator psicológico, a influência que isso tinha sobre a formação do Brasil e dos brasileiros. Ele compreendia que não havia como colocar em um mesmo caldeirão os homens do sul e do norte, que as diferenças geográficas e os diferentes desafios também participavam da formação psicológica, da maneira de se comportar e enfrentar os desafios diários.
            Capistrano se preocupou com os índios e os negros, tanto quanto com os brancos. Ele procurou enxergar essa relação conturbada entre os conquistadores e os conquistados, as mediações ocorridas para que se chegasse aquele momento que ele vivia. Não estava atrás da história dos conflitos, embora os considerasse importantes, ele procurava documentos que lhe falassem sobre coisas mais simples e menos dramáticas, ele queria outras visões sobre os séculos que estudava.
            Nesta introdução, Honório nos fala da intranquila curiosidade de Capistrano, ele procurava preencher lacunas e também era sensível a considerar que o historiador também é obrigado a especular, a imaginar em cima do fato, pra poder penetrar nas questões mais obscuras dos acontecimentos, eis ai a importância do psicológico, da necessidade de buscar conhecimento em outras áreas. Longe de aceitar qualquer determinismo, Capistrano entendia que os desafios enfrentados pelos homens para a sua sobrevivência, viria a ter um peso fundamental na maneira que estes homens enfrentariam outras questões e que elas poderiam ser bastante diferentes das atitudes tomadas por outros homens em outros lugares, pois sujeitos a desafios diferentes.
            Talvez Capistrano tenha compreendido isso bem por ser ele mesmo um migrante. Conheceu a dificuldade da sobrevivência no Ceará, castigado pelas secas e os vários personagens tão singulares dos sertões. Exigindo do sertanejo uma força sobre-humana para sobreviver às dificuldades, a desenvolver uma capacidade de adaptação a seu meio, como também a outros meios quando lhe faltasse alternativas em sua própria terra.
            Capistrano de Abreu também foi um forte dessa terra, desbravando o sul com sua perspicácia, inteligência e agudeza de espírito, fazendo-se presente em várias áreas da cultura em seu período. Trazendo a luz de nossos olhos diversos escritos que viriam a enriquecer nossa historiografia. Graças a ele muitas fontes jorraram de dentro da Biblioteca Nacional, e as que lá não encontrou ele encarregou os bons amigos de conseguir em vários outros países. Escritos estes que não serviriam apenas para preencher aqueles espaços em branco que ele encontrava na história, mas para brindar as futuras gerações de historiadores que viriam depois dele a oportunidade de trilhar seus caminhos, talvez de uma forma diferente.
            Enfim, José Honório não foi por demais indulgente, ele apenas se absteve de se preocupar com o que Capistrano não conseguiu fazer, por limitação de tempo ou por falta de interesse. Cabe a nós compreendermos que ele foi assim como todos nós somos, um homem de seu tempo, como os olhos voltados para o passado, mas o espírito pairando em um futuro distante, quando os homens entenderiam a importância de se conhecer os homens pequenos da história, com suas lidas diárias que construiriam o Brasil que conhecemos hoje.

Notas:
SOUZA, Robério Américo. Por que ler Capistrano de Abreu? Trajetos. Revista de História da UFC, vol. 3, n. 5 (nov. 2004). P. 129-135.
ABREU, Capistrano de. Instruções para os Imigrantes. Trajetos. Revista de História da UFC, vol. 3, n. 5 (nov. 2004).
PESAVENTO, S. J. História e história cultural. 2004 – 2ª ed. – Belo Horizonte: Autêntica, 2004.
BURKE, P. O que é história cultural?. 2005. Rio de Janeiro: Jorge Zahar ED.

 *ALUNA DA DISCIPLINA AÇÃO EDUCATIVA PATRIMONIAL - Prof. Dr.FRANCISCO ARTUR PINHEIRO ALVES




[1] Por que ler Capistrano de Abreu? Trajetos. Revista de História da UFC, vol. 3, n. 5 (nov. 2004). P. 129-135

quinta-feira, 23 de maio de 2013

CAPISTRANO DE ABREU, UM EXEMPLO DE DEDICAÇÃO. Por CLEIDIANE ROSENDO FERREIRA. Aluna do Curso de História da UECE


Capistrano de Abreu nasceu em Maranguape no dia 23 de outubro de 1853, no Sítio Columinjuba. Filho de Gerônimo Honório de Abreu e Antônia Vieira Mota. Segundo José Honorio Rodrigues Capistrano de Abreu fora até o inicio do século XX o maior historiador do Brasil, isso pode ser justificado a partir do momento que sabemos que iniciaram a produção historiográfica indo além dos métodos descritivos, mas analisando e interpretando o fato.
A simples província do Ceará, não ofereceria meios para o desenvolvimento do talento intelectual necessário de Capistrano. Em 1875,  esse chega à capital do Brasil ou a corte do império na época. Anteriormente, Capistrano manteve contanto com o escritor José de Alencar. Este influenciou o historiador maranguapense que considerava a narrativa alencarina um importante retrato sobre o período colonial, principalmente, o Guarani que poderia até substutuir as teseshistoricas sobre aquele momento histórico.
Antes de lecionar, no colégio Dom Pedro II, como professor de Coreografia e Historia do Brasil, Capistrano trabalhou numa livraria chamada Garnier e depois escreveu para alguns jornais do Rio de Janeiro, como o Gazeta de Noticia. Também trabalhou na Biblioteca Nacional o que possibilitou um contato com fontes históricas mais profundo e escreve a maior obra bibliográfica histórica de Catálogo da Exposição de História do Brasil.
A importância de Capistrano se dá pela tentativa de fazer uma historia do Brasil não só expondo as fontes em suas obras, mas também por torna-la a partir de notas e citações mais acessível ao publico que não pertencia a época na qual o documento fora produzido. Como um dos primeiros a utilizar o método critico e iniciar a historiografia brasileira nesses moldes. Porém, ele mesmo acreditava que um dos fundadores da historiografia brasileira fora Varhagen e a possiblidade de revisar a obra desse e encontrasse alguns erros e descuidos.
Além de se dedicar a Historia Colonial, Capistrano também estudou as guerras holandesas e espanholas, dessa forma, ele procurou preencher lacunas dos estudos históricos sobre determinados assuntos. a obra apresentada para o concurso do colégio D. Pedro II, Capítulos da História Colonial é uma das obras mais conhecida e citadas desse historiador cearense.
Além de Varghagen, Capistrano trocou correspondência com Studart e como o Visconde do Rio Branco.Dessa maneira ele trocava informações sobre suas pesquisas em andamento e também solicitava alguns documentos que poderiam auxiliar sua pesquisa.
O método histórico de Capistrano traz crítica sobre as fontes históricas. Entretanto, não foi só sobre o documento histórico que ele se dedicou também a psicologia e a economia politica. Esse historiador também inovou ao estudar a língua e os costumes dos povos indígenas. Assim para ele, o elemento indígena foi mais decisivo para a formação do povo brasileiro do que o africano, entretanto, Capistrano não elimina a importância da influencia africana sobre a cultura brasileira.
A participação de Capistrano no IHGB refere-se principalmente, ao projeto de construir uma historia nacional baseados nas teorias cientificas que foram marca do século XIX. Capistrano analisa os documentos históricos, mas também se dedicou a divulgar e ampliar o conhecimento sobre as fontes históricas. Aquele também contribuiu com o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), que tinha como um dos principais objetivos criar a história nacional seguindo as tendências europeias.
Além de ser autor, Capistrano era compilador e editor, pois assim acreditava-se fazer uma historia mais completa que os historiadores anteriores. O conhecimento e o domínio sobre outras línguas tais como o inglês, francês e alemão, possibilitou que Capistrano realizasse também algumas traduções.
Portanto, o método de Capistrano utilizou para pesquisa e analise documental foi  necessário para que os documentos pudesse passar não só apresentar os fatos, mas a partir de sua leitura e interpretação ser possível  apartir deles escrever a historia pátria. Portanto, vemos que a metodologia de trabalho está além da pesquisa, mas também pela analise do historiador que daria sentido aos fatos e construiria a historia propriamente dita.
Para finalizar a visão de Capistrano  a partir de uma carta a J.L. Azevedo sobre a Historia do Brasil encontrado no livro Capistrano de Abreu de José Aurélio Câmara: “A História do Brasil dá ideia de uma casa edificada na areia.É uma pessoa encostar-se numa parede, por mais reforçada que pareça, ela vem abaixo tôda a grampiola.”Dessa maneira, percebemos a dedicação e empenho que Capistrano tentou escrever uma história sobre sua nação.
Trabalho apresentado à disciplina de LABORATÓRIO DE HISTÓRIA do Curso de História da UECE, sob a orientação do prof. dr. FRANCISCO ARTUR PINHEIRO ALVES.

terça-feira, 14 de maio de 2013

Capistrano de Abreu e sua genialidade historiográfica, por Angerlânia da Costa Barros


                                                                        “Eu proporia que se substituíssem todos os capítulos da Constituição por: Artigo Único - Todo brasileiro fica obrigado a ter vergonha na cara. ―Capistrano de Abreu.

                 João Capistrano Honório de Abreu ou simplesmente, Capistrano de Abreu é um dos maiores ou porque não, o maior historiador brasileiro. Ilustre cearense saído do interior da província do Ceará: município de Maranguape onde nascera a 23 de outubro de 1853 foi um grande colaborador da historiografia brasileira. Chega ao Rio de Janeiro, por volta de 1875 e através de sua obra mais importante, Capítulos de história colonial 1500-1580, sua curiosidade pelo conhecimento e a sua grande capacidade intelectual, ficará para sempre marcado como um renovador metodológico do fazer historiográfico.
                 Capistrano é lembrado não apenas pela riqueza e originalidade de suas obras, mas também pela facilidade que as criavam, sendo curioso e espantoso nos dias de hoje, acreditar que ele era autodidata e capaz de escrever uma tese em quarenta dias e esta apesar da brevidade, despontara Capistrano como inovador na produção da historia brasileira. Outra curiosidade é sua amizade com grandes letrados brasileiros, entre eles destacamos seu conterrâneo, José de Alencar que segundo relatos da época, foi quem lhe preparou “o terreno” no Rio, colocando-o em meio a intelectuais como Machado de Assis.
               Entre trabalhos como professor de corografia (estudo geográfico de uma região) e história do Brasil, redator em jornal como Gazeta de Notícias e colaborador da Biblioteca Pública da Corte e vários outros, João Capistrano começa a idealizar uma nova história do povoamento do Brasil, assim, tornou-se um respeitado anotador, tradutor e prefaciador, consolidando seu nome como estudioso da história colonial, das línguas indígenas e da geografia brasileira, sendo constantemente comparado a Varnhagen, outro grande historiógrafo da história colonial brasileira.
               Essa citação de Capistrano mostra a sua reflexão a cerca dos problemas políticos enfrentados pelo Brasil desde os tempos da colônia e também, suas raízes cearenses, já que estes criticam com bom-humor as intempéries da vida. Enfim, a contribuição historiográfica desse historiador foi relevante ao Brasil por apresentar novos métodos de se produzir história, desmitificando vários clichês a respeito do povoamento do território brasileiro, mas, o seu mérito não se limita a apenas isto, Capistrano foi brilhante em tudo que trabalhou e como a ciência mesmo define seus intelectuais brilhantes: ele era um homem a frente de seu tempo.



 Referencias:
CAPISTRANO DE ABREU, João. Capítulos de história colonial: 1500-1800 & Os caminhos antigos e o povoamento do Brasil./ José Honório Rodrigues. Brasília, Editora Universidade de Brasília, 1982. p. 3-14
CORDEL-Vida e morte de João Capistrano de Abreu. Autor: “Sebastião Chicute”.

Artigo apresentado na disciplina LABORATÓRIO DE TEORIA DA HISTÓRIA, docurso de História da UECE, ministrada pelo prof. dr. Francisco Artur Pinheiro Alves

domingo, 12 de maio de 2013

FESTA DE SÃO JOÃO BATISTA - NA CARQUEIJA DOS ALVES - CONVITE.



A COMUNIDADE  DE  CARQUEIJA DOS ALVES, EM CAPISTRANO, CONVIDA A TODOS OS AMIGOS E AMIGAS PARA OS FESTEJOS ALUSIVOS AO PADROEIRO DA COMUNIDADE, SÃO JOÃO BATISTADO ANO DE  2013.

PROGRAMAÇÃO:

14/06 - Sexta feira - 19:00
Missa de abertura da festa de São João Batista, com o hasteamento da bandeira. Celebrande: Pe. Francisco Eudásio Nobre, vigário de Capistrano.

15/06 – Sábado  - 19:00
Sub tema: João batista interceda a Deus pelas crianças, para que sejam respeitadas.
Responsáveis: Crismandos
Animação e pregação:  Comunidades: Vazantes, Camarão e Serrinha.

16/06 -  Domingo - 19:00
Sub-tema: João Batista iluminai a juventude para que cresça na fé e na comunidade
Responsáveis: Catequizandos de primeira eucaristia
Animação: e pregação: Comunidades: S. Pedro, São Mateus  e N. S, Aparecida

17/06 - Segunda feira - 19:00
Sub-tema: A exemplo de João Batista sejamos anunciadores e persistentes na fé.
Responsável: Pastoral do dízimo
Animação: e pregação: Comunidades: Pesqueiro e Ipús

18/06 -  Terça feira - 19:00
Sub-tema: Como João Batista somos convidados a caminhar com a juventude em busca da paz.
Responsáveis:  Catequistas
Animação: e pregação: Comunidades: Agrovila e São Bento

19/06 - Quarta feira - 19:00
Sub-tema: A exemplo de João Batista busquemos a libertação e o desapego às coisas mundanas.
Responsável: Movimento do terço.
Animação: e pregação: Comunidade Pai João.

20/06 - Quinta  feira - 19:00
Sub-tema: Supliquemos a interseção de João Batista pelos indefesos e sejamos sempre a favor da vida.
Responsável: Pastoral do Batismo
Animação: e pregação: Comunidades: Cajuás e Chapada.

21/06 - Sexta feira - 19:00
Sub-tema: João Batista, ajuda-nos a preparar-nos para enfrentar as dificuldades.
Responsável: Coral
Animação: e pregação: Comunidades: Santo Antonio, Lagoinha, Vila dos Fernandes e Massapé.

22/06 -  Sábado - 19:00
Sub-tema: Assim como João Batista aprendamos a partilhar as bonanças a nós concedidas.
Responsáveis: Todos os jovens
Animação: e pregação: Comunidades: São Tiago e N. S. do Perpétuo Socorro.

23/06 - Domingo - 19:00
Sub-tema: Que as famílias  se espelhem em São João Batista e que nunca percam os seus valores
Responsáveis: Os casais
Animação: e pregação: Comunidades: Riacho do Padre ( Pista) Manga e Cajazeiras.

24/06 - Segunda feira - 19:00
Missa de encerramento dos festejos de S. João batista e arriamento da bandeira
Celebrante: Padre Francisco Eudásio Nobre, vigário de Capistrano.
Participação especial: Servos da Divina Misericórdia de Baturité

Contatos celulares/telefone (85)
Ana Paula e Mizael:  9931 7550
Ana e Pedro Jorge: 9141 b6284 - 8704 4336 e 9985 4180
Sassá: 9636 2530
Prof. Artur Pinheiro: 9164 8506 e 9661 7134
TP da comunidade: 3326 1347

Na web:

Estamos Comemorando em  2013:
CENTENÁRIO DA CARQUEIJA DOS ALVES 1913 – 2013
70 ANOS DA PARÓQUIA DE  N. S. DE NAZARÉ  de  CAPISTRANO - 1943 – 2013
80 ANOS DA CAPELA DE SÃO JOÃO BATISTA 1933 – 2013






terça-feira, 7 de maio de 2013

CAPISTRANO DE ABREU por Jorge Luiz Ribeiro Portela, aluno do curso de História da UECE



Em 23 de outubro de 1853 nascia Capistrano de Abreu, que, como muitos outros letrados de seu tempo, deixaria a província natal partindo para o Rio de Janeiro. Foi um historiador autodidata, formado essencialmente pela experiência de pesquisa em arquivos. Nas décadas de 1870 e 1880, foi redator do jornais, entre eles a Gazata de Notícias. Participou de polêmicas e escreveu sobre lançamentos literários. Em 1879 começou a trabalhar na biblioteca pública da corte, guardiã de um valioso acervo documental, que reunia pesquisadores de grande erudição, como Alfredo do vale Cabral, conhecedor de antiguidades, paleógrafo e bibliógrafo. Em 1881 participou de um grande empreendimento organizado por Ramiz Galvão, diretor da instituição. Capistrano ajudou a elaborar o catálogo da Exposição de História e Geografia do Brasil, inaugurada no dia 2 de dezembro. Tal catálogo foi considerado pelo historiador José Honório Rodrigues como o “maior instrumento bibliográfico brasileiro”.
Em 1883 prestou concurso para o Colégio Pedro II, visando a disciplina de maior prestígio: Corografia e História do Brasil. Defendeu a tese O descobrimento do Brasil diante do Imperador e foi aprovado. Lecionou até 1899, quando sua matéria foi extinta. Em 1887 ingressou no Instituto Histórico Geográfico Brasileiro, pretendendo escrever uma história diferente daquela que ali era produzida. Tal plano foi idealizado ainda na juventude. Chegou a idealizar o clube Taques, em homenagem ao pesquisador Pedro Taques (1724-1777). Capistrano imaginou uma sociedade de estudiosos de história, empenhados na publicação de documentos. Futuramente,tornaria-se um importante prefaciador, tradutor e anotador. Capistrano também consolidaria seu nome entre os mais respeitados estudiosos da História colonial, da geografia brasileira e das línguas indígenas.
No fim do século XIX, observa-se um crescente interesse a respeito do povoamento do interior, com destaque para o surgimento dos caminhos e das cidade, que, ao lado da análise sobre a constituição do povo brasileiro, deveria contribuir para construção de uma nova narrativa sobre a nação. Essa narrativa deveria transmitir o “sentimento da terra da gente” de modo distinto das histórias pontuadas por nomes e datas. Capistrano de Abreu surgiu nesse cenário como uma espécie de promessa, devido a sua notória erudição, ao significativo numero de admiradores que reunia em torno de si e a um divulgado plano de escrever uma nova história do Brasil.
Sua obra pode ser inserida ao lado de outras produzidas em meio a um movimento de redescoberta do Brasil iniciado ainda no século XIX e que se prolongou até pelo menos os anos 1950, despertando o interesse pelo interior do Brasil, com suas vastas populações desconhecidas. Esse movimento foi explorado pela literatura romântica, pelos escritores regionalistas, pela literatura de inspiração realista e naturalista entre outras vertentes.
O historiador viveu no Rio de Janeiro de 1875 à 1927, ano de sua morte, em 13 de agosto. Deixou como seus trabalhos mais importantes os livros: Capítulos de História Colonial, 1500-1800ensaios e estudosO brasil no século XVICaminhos Antigos e o povoamento do BrasilO descobrimento do Brasil pelos Portugueses, e Rã-Txa hu-ni-ku-í, a língua dos caxinauás, um estudo sobre a linguagem, a vida econômica, os costumes e folclores dos índios caxinauás. (texto apresentado na disciplina Laboratório de Teoria da História, 2013.1  prof. dr. Francisco Artur Pinheiro Alves)