terça-feira, 7 de maio de 2013

CAPISTRANO DE ABREU por Jorge Luiz Ribeiro Portela, aluno do curso de História da UECE



Em 23 de outubro de 1853 nascia Capistrano de Abreu, que, como muitos outros letrados de seu tempo, deixaria a província natal partindo para o Rio de Janeiro. Foi um historiador autodidata, formado essencialmente pela experiência de pesquisa em arquivos. Nas décadas de 1870 e 1880, foi redator do jornais, entre eles a Gazata de Notícias. Participou de polêmicas e escreveu sobre lançamentos literários. Em 1879 começou a trabalhar na biblioteca pública da corte, guardiã de um valioso acervo documental, que reunia pesquisadores de grande erudição, como Alfredo do vale Cabral, conhecedor de antiguidades, paleógrafo e bibliógrafo. Em 1881 participou de um grande empreendimento organizado por Ramiz Galvão, diretor da instituição. Capistrano ajudou a elaborar o catálogo da Exposição de História e Geografia do Brasil, inaugurada no dia 2 de dezembro. Tal catálogo foi considerado pelo historiador José Honório Rodrigues como o “maior instrumento bibliográfico brasileiro”.
Em 1883 prestou concurso para o Colégio Pedro II, visando a disciplina de maior prestígio: Corografia e História do Brasil. Defendeu a tese O descobrimento do Brasil diante do Imperador e foi aprovado. Lecionou até 1899, quando sua matéria foi extinta. Em 1887 ingressou no Instituto Histórico Geográfico Brasileiro, pretendendo escrever uma história diferente daquela que ali era produzida. Tal plano foi idealizado ainda na juventude. Chegou a idealizar o clube Taques, em homenagem ao pesquisador Pedro Taques (1724-1777). Capistrano imaginou uma sociedade de estudiosos de história, empenhados na publicação de documentos. Futuramente,tornaria-se um importante prefaciador, tradutor e anotador. Capistrano também consolidaria seu nome entre os mais respeitados estudiosos da História colonial, da geografia brasileira e das línguas indígenas.
No fim do século XIX, observa-se um crescente interesse a respeito do povoamento do interior, com destaque para o surgimento dos caminhos e das cidade, que, ao lado da análise sobre a constituição do povo brasileiro, deveria contribuir para construção de uma nova narrativa sobre a nação. Essa narrativa deveria transmitir o “sentimento da terra da gente” de modo distinto das histórias pontuadas por nomes e datas. Capistrano de Abreu surgiu nesse cenário como uma espécie de promessa, devido a sua notória erudição, ao significativo numero de admiradores que reunia em torno de si e a um divulgado plano de escrever uma nova história do Brasil.
Sua obra pode ser inserida ao lado de outras produzidas em meio a um movimento de redescoberta do Brasil iniciado ainda no século XIX e que se prolongou até pelo menos os anos 1950, despertando o interesse pelo interior do Brasil, com suas vastas populações desconhecidas. Esse movimento foi explorado pela literatura romântica, pelos escritores regionalistas, pela literatura de inspiração realista e naturalista entre outras vertentes.
O historiador viveu no Rio de Janeiro de 1875 à 1927, ano de sua morte, em 13 de agosto. Deixou como seus trabalhos mais importantes os livros: Capítulos de História Colonial, 1500-1800ensaios e estudosO brasil no século XVICaminhos Antigos e o povoamento do BrasilO descobrimento do Brasil pelos Portugueses, e Rã-Txa hu-ni-ku-í, a língua dos caxinauás, um estudo sobre a linguagem, a vida econômica, os costumes e folclores dos índios caxinauás. (texto apresentado na disciplina Laboratório de Teoria da História, 2013.1  prof. dr. Francisco Artur Pinheiro Alves)

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