quarta-feira, 19 de junho de 2013

Cordel de São Francisco. (Por: Geraldo de Sousa Paiva Junior *)

Resumo
Na sociedade contemporânea, a leitura é aptidão linguística primordial, surge como diferencial. Uma compreensão da linguagem como as Literaturas de Cordel, se torna instrumento de interação social, o que tem influído diretamente na prática cognitiva, social, cultural e política, isto é, uma leitura atrelada à realidade do individuo que perpetua a sua visão de um todo. Pois toda ficção parte de uma base real vivenciada. No cordel São Francisco, de autoria do mestre da cultura Sebastião Chicute, podemos notar sua interação com uma base real, embora apresente contexto bem subjetivo do próprio autor em relação ao sujeito de sua historia.

Palavras-chave: Cordel, São Francisco de Assis, Sebastião Alves Lourenço.

1.      Introdução
Partindo da perspectiva que a linguagem é uma base de interação social, a leitura se torna uma ação do sujeito. Essas ações sendo de forma social, política, econômica, cultural e cognitiva. Tomando por esse baseamento, o Cordel, este ligado diretamente a base cultural.
Abrangendo a cultural no aspecto material do objeto e a base imaterial, sendo a literatura ou as ideias. Mesmo se o Cordel tenha exageros de modo figurativo, não podemos desvincular, pois esta literatura popular estabelece uma relação com a cultura e com a sociedade. 
A cultura pode ser definida como tudo aquilo que é produzido pelo homem, à ação do homem no tempo e espaço. O Cordel pode ser trabalhado num caráter sociocultural, como representação social.
A Literatura de Cordel incide numa poesia narrativa, caráter popular, de procedências e cultura nordestinas. Retrata a ficção e a realidade dessa região, e atualmente se expandiu para realidades diversas, voltada para o contexto social vivenciado pelo homem no mundo. É retratado com simbologia nordestina. Essas narrativas literárias eram realizadas apenas oralmente, alguns anos, ela passou a ser idealizada de forma escrita ou impressa em folhetos, por meio de versos rimados.
O Cordel de São Francisco esta estruturado em quatro partes especifica, e esta abordando um único tema: São Francisco de Assis.  Primeira parte do cordel retrata os versos ritmados da vida de São Francisco e sua trajetória religiosa. O autor Sebastião Alves, estrutura seu poema narrativo em 24 versos ritmados da vida de São Francisco de Assis da matriz de Canindé. Coloca assim a religiosidade da cidade de Canindé. Podemos perceber nas rimas do cordel sua contextualização.
“Mil cento e oitenta e um
Na cidade de Assis
Nasceu Francisco das Chagas
Assim a história diz
Veio aqui no ceará
Fazer Canindé feliz”

Percebemos que Canindé passa ser a cidade da ida de São Francisco, que depois de sua morte, veio para essa cidade empobrecida pela seca fazer seus milagres. E graças a São Francisco de Assis a felicidade se encontrou na região. A cidade de Canindé é uma cidade que nos últimos tempos se tornou uma cidade de turismo religioso, aonde as pessoas devotas ao santo vão prestam devidas homenagens e também agradecer por algum milagre em sua vida, porem essa migração se torne algo de lucro para os comerciantes locais e para o aumento da produtividade da região.
Nos primeiros versos do cordel de São Francisco, ele vai abordado e fazendo a contextualizando, para que as pessoas que o ler possa ter um resumo biográfico do Santo, sua origem de comerciante, a guerra que o Santo participou, essa seria as Cruzadas, o começo da vida religiosa de São Francisco. No quarto ao nono, Sebastião Alves aborda um enredo da passagem da vida de comerciantes que São Francisco tinha para uma vida de entrega a Deus.
Nos versos seguintes faz referencia a pobreza que o Santo passou a optar para sua vida devota aos pobres e a Igreja. Nos décimo terceiro verso, aborda a ordem que São Francisco fundou, sua viagem pelo mundo mulçumano pregando a pobreza e a caridade. Do décimo oitavo ao vigésimo terceiro narra o fim de São Francisco, como homem santo, mártir. Que viveu seu chamado pelo sofrimento e pela oferta de sua vida com caridade e devoção aos mais humildes.  Homem que cumpriu seu ideal e sua missão na terra.
  A segunda parte do Cordel de São Francisco tem como tema Milagre alcançado em 1952, dividido em três versos curtos. Nesses versos o autor menciona uma situação de perigo e na segunda rima fazer referência ao ocorrido milagroso, no ultimo verso esclarece que a historia de são Francisco é mediante a fé e que não é algo que se possa ser explicado somente pela razão, o racional.
“Obrigação do poeta
É lhe dizer como é
A história de São Francisco
Toda é mediante a fé
Se Quiser acreditar
Não deixe de visitar
São Francisco de Canindé”      

Ultima parte do cordel esta divido no Cântico em honra de São Francisco e no verso da capa esta a oração de São Francisco. O Cântico se torna mais uma ladainha em homenagem a esse Santo de cunho de devoção. Fazendo uma representação da vida de Cristo e a vida de São Francisco, que compara a vida dos dois, pelo qual São Francisco se espelhou em Cristo por toda sua vida.   
Nesse cordel percebemos a cultura nordestina, que traz em sua narrativa o apelo à vida religiosa, aos milagres, a devoção, ao carinho, que não faz distinção de nação, mas que a religião, a fé a próxima, que faz um santo da Cidade de Assis e o coloca próximo, numa Cidade do interior do nordeste, Canindé.
Compreendemos a subjetividade dos versos, em colocar para o leito, que é uma situação de fé em acreditar, do apelo religioso para cidade de Canindé, em visitar esse lugar. Do contexto histórico de São Francisco, filho de comerciantes, de classe rica, que participou das convocações para as cruzadas, do seu chamado a vida religiosa, de sua ida a damasco, da sua visita à igreja, da sua fundação religiosa, do seu trabalho de caridade para com os pobres, das dores e de sua morte.
Esse cordel no só representar a vida de São Francisco, mas todos aqueles que por algum motivo o aprecia como homem ou como santo. Simboliza a religiosidade da cidade de Canindé, do apelo turístico. Simboliza a devoção aos milagres e as orações, os sujeitos miseráveis, que são marginalizados pelo Estado, que sofreram descasos, que só tem sua fé para confortá-los, como algo que os livra-se de toda dor, dos descasos do Estado, mas também que os livras de coisas simples da vida.



Graduando do curso de História- Universidade Estadual do Ceará (UECE), disciplina AÇÃO EDUCATIVA PATRIMONIAL. Prof. Dr. FRANCISCO ARTUR PINHEIRO ALVES.

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