quarta-feira, 12 de junho de 2013

Poucas palavras sobre um grande historiador: Capistrano de Abreu e a criticidade de historiar. ( por: Kaliza Holanda da Silva *)


Fundador da progressista Academia Francesa de Fortaleza, João Capistrano Honório de Abreu (1853-1927) também “fundou” uma nova forma de escrever a nossa História. Dotado de incrível argúcia, Capistrano remodelou a historiografia, trazendo a esta um tom mais crítico e de maior sensibilidade.
A ele a História não parecia restringir-se somente aos fatos, não! Havia de se investigar os motivos, os quereres e os sentimentos. Vê-se neste ilustre historiador a capacidade de produzir a História pelo outro e para o outro, sem decepar de suas análises as diversas classes sociais compositoras de nosso Brasil.
Ao escrever “Capítulos de História Colonial”, Capistrano de Abreu tornou-se, com sua História voltada à análise do povo brasileiro, de sua cultura, suas lutas, suas misturas e seus costumes, da natureza local e seu clima, contra ponto de Varnhagen, que, filho de seu tempo, procurou dar na História que produzia ares de importância máxima à forma de colonização empregada pelos portugueses no Brasil, a fim de legitimar lhes o poder.
Conhecido como “O Heródoto do povo”, esse cearense autodidata utilizou-se de uma escrita moderna (para a época) que, mesmo documental e descritiva, descortinava ao leitor a variedade do povo brasileiro, valorizando o mestiço e o nativo, não impondo lhes apenas o papel de figuras secundárias. Devorador de livros, produzia prolificamente, trabalhando a fundo os assuntos os quais se dispunha analisar. Sua síntese fazia brotar as semelhanças e as diferenças que estiveram sempre intercaladas dentro do processo colonizador brasileiro, graças a isso pôde questionar as obras de seus antecessores, superando-os.
Creio que tudo o que se possa escrever, hoje, a respeito de Capistrano, corre o risco de não alcançar a paixão com que ele estudou a História. Se cada historiador de hoje busca-se o fato histórico e suas interpretações como ele buscou, quiçá a produção historiográfica brasileira conseguisse desabrochar mais uma vez, em nova floração. Enquanto isso, colhemos as flores que esse maranguapense nos deixou e depositamo-las aos pés de Clio, requerendo sua benção e sua inspiração. 
* -  Aluna da disciplina Laborátório de Teoria da História, do Curso de História da UECE., Prof. Dr. FRANCISCO ARTUR PINHEIRO ALVES.

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